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BRANQUEAMENTO DE CORAIS

Branqueamento na Austrália

O branqueamento de corais é um fenômeno relacionado com mudanças ambientais. Nele, observa-se o fim da relação mutualística existente entre corais e algas.

O branqueamento de corais é um processo no qual o coral perde as algas fotossintetizantes chamadas zooxantelas. Esse processo pode ser causado também pela perda do pigmento dessas algas, que dá cor ao coral. Em decorrência desses fatores, o coral torna-se translúcido, sendo possível observar o esqueleto de carbonato de cálcio do animal. Esse é o motivo pelo qual o problema é conhecido como branqueamento de corais. Esse branqueamento apresenta como causa principal o aumento da temperatura da água nos oceanos e pode ser um evento transitório ou fatal.

→ Recifes de corais

Os recifes de corais são importantes ecossistemas marinhos que se destacam por sua grande biodiversidade. Eles são estruturas rígidas formadas por organismos marinhos que possuem esqueleto calcário, como os corais e as algas coralinas. Os corais apresentam associação com algas chamadas zooxantelas. Em virtude dessa associação, os recifes de corais são encontrados, principalmente, em locais de baixa profundidade, uma vez que as algas necessitam de luz.

Leia também: Cnidários, grupo de organismos que incluem os corais

Os recifes de corais apresentam grande biodiversidade e são o local de reprodução de várias espécies. Além disso, são um local cheio de alimentos para alguns predadores. Esses ecossistemas são importantes para o ambiente marinho e para o homem. Os recifes são, geralmente, explorados como pontos turísticos para a realização de mergulhos, apresentam espécies que podem ser usadas como alimento e são também responsáveis por fornecer matéria-prima para a indústria farmacêutica. Não podemos esquecer-nos ainda de que esses recifes protegem as regiões costeiras da ação das ondas.

Apesar de toda sua importância, estima-se que aproximadamente 30% dos recifes de nosso planeta estejam muito danificados. Além disso, acredita-se que a situação não irá melhorar nos próximos anos, sendo esperado o agravamento da destruição desses ecossistemas. Entre os fatores que destroem os recifes, destacam-se:

  • Pesca
  • Poluição
  • Mudanças climáticas

→ Recifes de corais e zooxantelas

Nos recifes de corais de águas rasas, observa-se a relação simbiótica entre corais e zooxantelas, algas unicelulares. Essa relação é benéfica para ambos, pois o coral é responsável por fornecer abrigo, gás carbônico e nutrientes inorgânicos para a zooxantela, enquanto a alga fornece os produtos de seu processo de fotossíntese, ou seja, componentes orgânicos que irão servir como alimento para o coral. Além disso, as algas zooxantelas ajudam no aumento da taxa de calcificação desse animal. Essa relação, apesar de importante, é facilmente destruída em situações de estresse ambiental.

Leia também: Mutualismo, a relação ecológica existente entre coral e zooxantelas

→ Como o branqueamento afeta os corais?

O branqueamento de corais é um processo no qual há a expulsão das zooxantelas ou a destruição de seus pigmentos fotossintetizantes. Como a alga é responsável pela coloração do coral, observa-se que ele perde a cor, tornando-se translúcido. Nessa situação, é possível observar o esqueleto de carbonato de cálcio desse animal. Dessa forma, o coral adquire a coloração branca como na figura abaixo:

A principal causa do branqueamento é o aumento da temperatura da água, seja por aquecimento global, seja por eventos sazonais. Vale salientar também que, apesar de apresentar relação direta com a temperatura, o branqueamento pode ser resultado de outros fatores, como grande incidência de luz ultravioleta, sedimentação excessiva, poluição e salinidade.

O branqueamento dos corais é extremamente prejudicial, pois algas e corais vivem em harmonia no ambiente aquático, relacionando-se de forma mutualística. As algas são responsáveis por fornecer componentes orgânicos para o coral, que servem como alimento para esse animal. Dependendo da duração do branqueamento ou ainda da intensidade da alteração ambiental que causou o problema, o coral pode morrer.

No branqueamento, sem nutrição adequada, o coral acaba sofrendo modificações que alteram outros organismos que estão associados a ele. Nesse processo, os corais tornam-se mais suscetíveis a doenças, tornando o ecossistema, portanto, mais frágil. Além disso, como a alga é responsável por aumentar a taxa de calcificação do recife, ocorre uma redução dessa taxa em decorrência do branqueamento. Todas essas alterações nos corais prejudicam diretamente o recife, podendo desencadear perda de biodiversidade nesse ecossistema.

→ Branqueamento de corais e aquecimento global

Quando se analisa o branqueamento de corais ao redor do mundo, percebe-se que há uma associação direta entre esse processo e o aumento da temperatura dos oceanos. Muitas vezes, esse branqueamento acontece em virtude de alterações na temperatura da água que ocorrem de maneira sazonal. Nesse caso, é observado o retorno da coloração normal nos meses em que a temperatura da água diminui.

Entretanto, tem-se observado um aumento não sazonal da temperatura da água do oceano causado pelo aquecimento global. Como resultado desse processo, ocorre o branqueamento dos corais e a diminuição das taxas de crescimento desses organismos. O branqueamento está relacionado com o aumento de doenças nos corais, o que pode levá-los à morte. Como os corais formam os recifes, danos a esses organismos podem prejudicar diretamente esse importante ecossistema.

→ Como evitar o branqueamento de corais?

Como o branqueamento de corais está relacionado com o estresse ambiental, é fundamental garantir que o ambiente marinho não continue sendo degradado. É consenso que os corais são capazes de recuperar-se caso as condições ambientais estejam favoráveis, sendo necessária, portanto, uma ação rápida.

Entre as maneiras de evitar o branqueamento de corais, destaca-se a necessidade de frear o aquecimento global, reduzindo os níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Apesar de ser fundamental a participação de todo o planeta na tentativa de diminuir a emissão de gases poluentes, cada indivíduo pode fazer sua parte. Pode-se, por exemplo, evitar o uso de automóveis, dar manutenção correta a esses meios de transporte e não realizar queimadas. Vale salientar que o dióxido de carbono pode levar à acidificação da água e à destruição do esqueleto calcário dos corais, o que também representa um problema grave para esses organismos.

É importante destacar ainda que o branqueamento parece ter relações com outros fatores, como a variação de salinidade e poluição. Desse modo, é importante garantir que os resíduos de nossas atividades tenham a destinação adequada, evitando o agravamento da poluição.

→ Branqueamento de corais no Enem

O branqueamento de corais é um tema atual e, em virtude do caráter contextualizado da prova do Enem, pode sim se tornar tema de alguma questão. Os corais já foram anteriormente abordados nesse exame, mais precisamente na prova de 2014. Veja a questão abaixo:

(ENEM 2014) Parte do gás carbônico da atmosfera é absorvida pela água do mar. O esquema representa reações que ocorrem naturalmente, em equilíbrio, no sistema ambiental marinho. O excesso de dióxido de carbono na atmosfera pode afetar os recifes de corais.

O resultado desse processo nos corais é o(a)

a) seu branqueamento, levando à sua morte e extinção.

b) excesso de fixação de cálcio, provocando calcificação indesejável.

c) menor incorporação de carbono, afetando seu metabolismo energético.

d) estímulo da atividade enzimática, evitando a descalcificação dos esqueletos.

e) dano à estrutura dos esqueletos calcários, diminuindo o tamanho das populações.

RESOLUÇÃO: A resposta correta dessa questão é a letra E, pois o excesso de gás carbônico dissolvido na água leva à acidificação do ambiente. No ambiente mais ácido, o esqueleto calcário dos corais torna-se mais frágil, levando à redução do tamanho das populações. Nesse caso, a resposta não é branqueamento, pois esse fenômeno está relacionado, principalmente, com o aumento da temperatura da água, que leva à expulsão das zooxantelas e/ou à destruição de seus pigmentos.

Por Vanessa Sardinha dos Santos

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